Marcha da Liberdade São Carlos

A Marcha da Liberdade surgiu como resposta à proibição arbitrária de uma manifestação cidadã pacífica e legítima. No processo de sua construção, foram agregados diversos movimentos e organizações da sociedade, que perceberam que era possível e necessário marchar em defesa de nossos direitos! E aqui estamos. Juntos, somos todos!

 Nos últimos tempos, um surdo processo tem se espalhado sobre a sociedade brasileira: reivindicações legítimas e manifestações pacíficas são sufocadas, proibidas e reprimidas; militantes sociais são presos e até mesmo assassinados; milhares de jovens são violentados ou mortos nas periferias do país; grupos conservadores tentam impedir o avanço de direitos democráticos…

 Na primeira noite eles se aproximam

e roubam uma flor

do nosso jardim.

E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem:

pisam as flores,

matam nosso cão,

e não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,

rouba-nos a luz e,

conhecendo nosso medo,

arranca-nos a voz da garganta.

E já não podemos dizer nada.

(Trecho de “No caminho com Maiakóvski”, Bertold Brecht)

 É preciso dar um basta a isso, e construirmos um outro futuro! E por isso marchamos! Marchamos para garantir a liberdade de expressão, de manifestação, de greve e de reivindicação legítima daquilo que nos é de direito. Marchamos para dar um basta à criminalização dos movimentos e lutas sociais. Um basta ao extermínio da juventude pobre em todos os cantos do país. Marchamos para dizer em alto e bom tom: temos direito a ter direitos, e a reivindicar novos direitos!

 Marchamos pelo direito ao pão e à poesia! Pela saúde e pela educação públicas e de qualidade. Pelo direito à cultura e à diversidade cultural. Marchamos pela democratização dos meios de comunicação e pela revisão da atual lei de direitos autorais do país. E para que todos tenham direito de produzir, difundir e acessar a informação, a cultura e o conhecimento de forma livre.

 Marchamos porque as ruas são de todos! Pelo direito à cidade, à moradia, ao transporte realmente público e de qualidade, e à apropriação por todos nós do nosso ambiente urbano. Marchamos pelas reformas urbana e agrária, pelo direito ao alimento saudável e sem agrotóxicos, e contra as alterações no Código Florestal brasileiro, que só beneficiam o agronegócio desmatador, poluidor e explorador.

 Juntos, percebemos que somos iguais. E que somos iguais na diversidade. E marchamos pelo direito à igualdade na diferença. Por isso, também marchamos contra a homofobia, o machismo, o racismo. Contra todo e qualquer tipo de opressão em relação às nossas origens e à liberdade sobre nossa vida, nosso corpo e nosso modo de ser. E para que tais atos de violência se tornem crime.

 Na capital da tecnologia, o pobre é ignorado,

pro rico é tudo lindo e o podre é maquiado.

Mas na madruga fria o viaduto vira manto

Conclusão: São Carlos não é santo.

(Trecho de “Capital da Tecnologia”, SubLoco Coletividade)

 E em São Carlos também não nos faltam motivos para marchar. Na capital da tecnologia, pra onde vão os frutos desse avanço? Ainda temos um transporte público precário e caro, assim como desemprego, baixos salários e desigualdades sociais que muitos infelizmente não vêem. Queremos que o conhecimento e a riqueza aqui produzidos beneficiem a todos, e não apenas alguns.

 Em uma cidade com duas grandes universidades públicas, onde estão os nossos jovens? Muitos deles estão sendo impedidos de ter um mínimo de acesso ao lazer, à cultura e à educação. As universidades deveriam ser realmente públicas e democráticas. Precisam se conectar com a cidade, e a cidade ajudar a transformar a universidade.

 Muitos de nossos jovens são cotidianamente reprimidos pela polícia na periferia da cidade. Mas não queremos uma policia repressora, mas sim cidadã, e que traga segurança ao invés de medo! Marchamos por todos os jovens já agredidos ou intimidados, seja no Gonzaga, no Centro, no Aracy, na UFSCar, em Água Vermelha, na USP, nas ruas e cantos de São Carlos!

 Você perguntará porque cantamos

Cantamos porque o grito só não basta

E já não basta o pranto nem a raiva

Cantamos porque cremos nessa gente

E porque venceremos a derrota

(Trecho de “Por que cantamos”, Mario Benedetti)

 Enfim, por tudo isso, marchamos! Marchamos pelo direito ao futuro e – apesar de um sistema social injusto, opressor e que tenta nos fazer crer que não há alternativas – não vamos abrir mão de um novo amanhã! Juntos somos todos!

Um comentário em “Marcha da Liberdade São Carlos

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