V Encontro Macro Sudeste

Diário oficial do V Encontro Macro Sudeste da RECID.   

 

Guararema, 7 de julho de 2011.

            Apesar do atraso, o grupo de São Paulo foi o primeiro a chegar a Escola Nacional Florestan Fernandes em Guararema/Sp. Espírito Santo chegou logo em seguida, Rio de Janeiro chegou na madrugada e sem perder o trem, Minas Gerais chegou para dar bom dia!
Desinformados sobre as normas e horários da casa, muitos perderam o café da manhã e tiveram que implorar por um cafezinho preto.

            A mística da Escola começou logo após o café, com músicas, poemas e gritos de ordem. Com o hino da Internacional Socialista as bandeiras do MST e da Via Campesina foram hasteadas emocionando a todos, principalmente os visitantes franceses.

            Apesar do frio, Sandra (ES) e Dennis (SP) acolheram os estados de forma calorosa, dando início a plenária. Todos os participantes se apresentaram, falaram dos seus movimentos e organizações. Detalhou-se o objetivo, a programação do dia e foram formadas as equipes de trabalho para o Encontro. Este V Encontro macro tem como tema “ Comunicar para avançar no poder popular” e o objetivo de aprofundar o Projeto Popular para o Brasil em contraposição ao modelo de “desenvolvimento” em curso no nosso país e em especial nos estados da região sudeste.

            Seguimos para o auditório Patativa do Assaré para assistirmos o documentário mexicano, Un poquito de tanta verdad, que contou a história de luta da cidade de Oxaca. Perdemos o lanche da manhã e voltamos para a plenária.

            O filme proporcionou um bom diálogo, onde muitos quiseram relatar a sua realidade ao se identificarem com o filme. Como o Movimento Passe Livre de Vitória (ES), Movimentos populares de Ribeirão das Neves (MG), a realidade das Upps (Unidade de polícia pacificadora do RJ), a Marcha da discriminalização da maconha e a Marcha Mundial das mulheres de São Paulo, entre outros. Houve também um debate sobre a apropriação da mídia pelo capital e a criminalização dos movimentos sociais. Em contraponto discutimos a necessidade da mídia alternativa, da comunicação popular e a importância do embasamento crítico/político e o conteúdo desta comunicação. O povo não parava de falar!!

            Corremos para o almoço e quase ficamos sem frango, mas mesmo assim a comida da casa estava uma delícia, a equipe da cozinha da Escola está de parabéns. Após a digestão e do descanso, cada estado foi ornamentar a sua tenda. Em 4 quiosques diferentes, SP, MG, ES e RJ deveriam apresentar de forma criativa como o modelo de desenvolvimento hegemônico se apresenta e como a RECID está construindo o poder popular nos estados. Utilizamos à famosa dinâmica do carrossel, aonde os grupos circularam e puderam conhecer un poquito de tanta verdad dos estados.

            Minas Gerais apresentou a realidade do complexo prisional de Ribeirão das Neves e as mazelas da exploração do minério no Estado que perduram até os dias atuais. Relatou a realidade das ocupações urbanas pelo movimentos das brigadas populares e para completar o cenário teve cachaça e rapadura. Só faltou o pão de queijo.

            Espírito Santo decorou a tenda com lindas fotos de quilombolas, comentando sobre o problema de opressão e exclusão ocasionada pelos Plantations: eucalipto e cana-de-açúcar. As consequências da criação do gasoduto de norte a sul do estado, dos malefícios da empresa ARACRUZ e a sua nova fusão estratégica com outra empresa mudando de nome para Fibrae. E o impactos do PRE-SAL.

            O Rio de Janeiro exibiu o vídeo, O desenvolvimento a ferro e fogo, quem não viu pode procurar no youtube. Comentaram a situação dos despejos para a ampliação das grandes avenidas e o efeito colateral causado pelas indústrias químicas. Em contraposição a isso relatou sobre os trabalhos com a economia solidária.

            São Paulo relatou o problema da construção do estádio do Corinthians, o extermínio da juventude pobre/negra e a utilização de armas não letais para a repressão. A desqualificação do SUS (Sistema Único de Saúde), a Higienização dos bairros nobres da capital paulista. E em contraponto os trabalhos culturais e de desenvolvimento territorial.

           Após a atividade foi feita uma pausa para o café da tarde, isso mesmo só café preto! Depois do descanso voltamos para a plenária, onde nos dividimos em quatro grupos mistos, no esqueminha 1 2 3 e 4. O objetivo era ler e debater o texto “A RECID e a construção do poder popular” fruto da sistematização de 2004 a 2010.

            Depois do fim de todas as atividades, conseguimos jantar no horário programado, para um breve descanso e un poquito mas de tanta reunião.

 

PS: O banho frio nem se fala, amanhã comentamos mais desta triste realidade.

 

Guararema, 8 de julho de 2011.

           Acordamos pontuais para não perder o café da manhã, porém o frio e a neblina foram o assuntos da manhã. Descemos para a mística aonde foi comemorado a data de falecimento do Patativa do Assaré, com um poema e um cordel. As bandeiras foram hasteadas com a trilha sonora do hino do MST e a mística finalizou-se com os gritos de ordem das brigadas da escola. A Recid deu o ar da graça com o famoso grito da IV Ciranda: “Contra a comunicação do consumo, comunicaremos a liberdade!”.

            Encontramos-nos na Plenária, e desta vez a coordenação do dia ficou nas mãos da Cris (RJ) e da Andréia(MG), que repassaram a programação. Seguimos para o auditório aonde o nosso diário oficial foi lido pelo Heitor (Sp) e assistimos ao filme Da margem ao Centro que relata a situação dos pescadores da comunidade Sepetiba (RJ). Para dialogar com filme o Sr. Jadir (ES), mais conhecido como Pica-Pau, nos contou um pouco da história ds comunidade de Anchieta (ES), os pescadores e as relações com os grandes projetos, os impactos da indústria CSU e Samarco e a poluição causada pelos navios na região litorânea. Em seguida o nosso companheiro da comunicação, Felter (MG), nos tentou seduzir de maneira sensual tirando a sua jaqueta e mostrando a sua camiseta de luta “Não é fácil ser livre!”. Ele nos relatou mais um pouquinho da história das Brigadas Populares e contou da sua realidade na comunidade Dandara. Um assentamento urbano, com mais de 800 famílias morando em casas de alvenaria. A luta por moradia digna é muito forte, porém o prefeito com o seu lero-lero do PAC (Plano de Apoio ao Crescimento do país) diz que a comunidade está querendo furar a fila.

Lembrando que Dandara foi uma escrava que preferiu a morte do que voltar a escravidão e foi a mulher de Zumbi.

            Descemos para o cafezinho preto e o sol nos deu o ar da graça. Aonde os amantes da fotografia digital registraram o fenômeno.A grande maioria matou a soldade dos raios UV. Retornamos ao auditório para o Tele cine Revolucionário, assistimos ao filme Ouro de Sangue, sobre as barragens e os rejeitos químicos do Sul de Minas. E a dura realida
de dos moradores vizinhos da indústria Kinross, esta que traz bastante transtornos como poeira, barulho, doenças, poluição, ameaças e até a morte.

            Em seguida aconteceu um debate/repeteco para reafirmar a dura realidade de cada Estado. Mas a Tatiana (RJ) se sobressaiu com sua emoção de afirmar a importância de estarmos aqui, do tripé Formação/Organização e Luta não esquecendo o nosso compromisso com o povo, a natureza e a luta em geral. Jeane (ES) observou que a nossa luta é internacional, sem perder a base e que devemos desmascarar as grandes empresas. E que desenvolvimento é o envolvimento com a comunidade.

            E para alimentar o nosso corpo comemos uma panqueca com grande emoção, e bem rapidamente os desempregados e os quase empregados lotaram a agência bancária em busca da ordem de pagamento. A galera com o dinheiro no bolso já colocou o capital para girar, tomando um cerveja para comemorar o sol que estava o dia a alegrar. E a equipe de animação foi providenciar os preparativos da noite cultural, enquanto isto alguns enfrentavam a limpeza pesada da cozinha da Escola e outros “Pezão (Sp) de Pau” jogaram bola.

            A tarde preenchemos o instrumental de avaliação da organicidade da Recid, para que cada estado fizesse uma retomada do que compreende por organização em rede e como é o seu funcionamento na região e nos coletivos que atua. Pausa para o café dessa vez fomos surpreendidos com deliciosos bolinhos de chuva.

            O instrumental foi apresentado em plenária e aberto as considerações. Que foi muito rico pois demos início ao debate sobre o papel da Comissão Nacional, se ela é realmente necessária e sobre a falta de identidade da macro região sudeste. Reconhecemos que falta a região se aprofundar das questões por ela levantada. Luzia (CN) representante da região Sul delicadamente nos compartilhou um pouco dos acúmulos e debate sobre este assunto. Reafirmando que isto é sinal de horizontalidade: educadores querendo discutir e construir os papéis dos sujeitos da nossa rede.          Precisamos buscar a identidade da região sudeste, pois assim fica mais fácil compartilhar o que vivemos e a união da nossa região por questões maiores. Quando soubermos o que somos e o que queremos será mais fácil falar como um todo. Mas esta história vai longe e como encaminhamento nos dias 27 e 28 de julho haverá reunião macro sudeste em Belo Horizonte para organizar as ideias.

            Antes do jantar assistimos a um vídeo e uma apresentação da Escola Nacional Florestan Fernandes, momento muito rico para os educadores compreenderem a importância política de estarmos neste espaço.

            Paralelamente as discussões estavam sendo instalados chuveiros elétricos nos banheiros dos quartos!!! Grande vitória e comemoração, banho quente, isso mesmo, chega de tomar banho chorando e de desculpas para não se banhar por causa da água gelada!!Pois é noite cultural e devemos estar limpinhos e cheirosinhos.

            E esta parte contamos ao vivo…..

 

Equipe de Comunicação do V Encontro Macro Sudeste Recid

Felter(MG), Val ou Abusinho (ES), Heitor(SP) e Luana (SP)

           

           

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