CUT aborda a saúde do trabalhador na Rio+20

CUT destaca fragilidade de políticas para saúde do trabalhador na Rio+20

Debate nessa terça (19) na Cúpula dos Povos contou com participações internacionais e da ministra dos Direitos Humanos

Na tarde dessa terça-feira (19), a CUT, em parceria com CSA (Central Sindical Internacional), CTA (Argentina), CGIL (Itália) e CCOO (Espanha), realizou o Seminário “Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade Humana do Trabalho” na Tenda Florestan Fernandes, no Aterro do Flamengo, onde acontece a Cúpula dos Povos.

A mesa foi composta pela Secretária de Saúde do Trabalhadora da CUT, Juneia Batista, Isamar Escalona, da CSA, Lilian Capponi, da CTA (Argentina), Oriella Savoldi, da CGIL (Itália) e Lllorenç Serrano, da CCOO (Espanha).

Isamar Escalona apresentou algumas propostas referentes à formação de profissionais para espalhar a ideia da saúde no local do trabalho. “Devemos planejar a formação de saúde do trabalhador com o apoio da OIT, criar um espaço participativo de caráter bipartite, com governo e sindicatos. Participar de todas as organizações sindicais de Buenos Aires, promover ferramentas legais para garantir e legalizar o espaço”, destacou.

Juneia apresentou dados do anuário estatístico do Ministério da Previdência Social mostrando que em 2008, ocorreram 774.473 acidentes de trabalho no Brasil, enquanto em 2009, 752.121 trabalhadores se acidentaram e, em 2012, 720.128. Segundo ela, esses dados são apenas os que foram notificados. A dirigente cutista também abordou a incapacidade permanente dos trabalhadores. Em 2008, o número foi de 13.096. Em 2009, 14.605 e, em 2010, baixou para 14. 097. “Se formos analisar o número de mortes em acidentes de trabalho veremos que em 2008, morreram 2.817. Em 2009, caiu para 2.560 e, em 2012, subiu para 2.712.”

A dirigente enfatizou que esses dados foram gerados somente pela Previdência para pagamento de benefícios. “Eles nos mostram a fragilidade de políticas em defesa dos trabalhadores neste país.” Ela defendeu o aprimoramento das estratégias para reverter o aprofundamento da precarização do trabalho, consequentemente, a desumanização do trabalho e a banalização da vida.

Já Lilian destacou o fato de que 60% dos trabalhadores de todo o mundo não têm situação regular em sua carteira de trabalho e Oriella apontou alguns relatos de como anda precária a situação da saúde do trabalhador na Itália. Além de lembrar que a saúde é um direito.

Por sua vez, Serrano ressaltou a importância de mudar o atual modelo de produção e afirmou que “a empresa que tem sindicato é mais saudável e segura.” 

Durante as intervenções, o Secretário Geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação (CONTAC), José Modelski, destacou que “os frigoríficos brasileiros envolvem 1 milhão e 200 mil trabalhadores, sendo que 25% deles estão lesionados por serem submetidos a movimentos repetitivos e a ritmo intenso de trabalho. É importante dizer também que as empresas não negam este número.”

 

Modelski propôs normatizar as condições de trabalho nos frigoríficos e esta lutando pela implementação de uma Norma Regulamentadora para o setor. “A CONTAC reivindica redução do ritmo de trabalho, redução do tempo de exposição ao trabalho penoso e garantia de participação dos sindicatos na sua implementação e na fiscalização.”

Ao sanar as dúvidas do público, Oriella alertou que “temos uma grande batalha para a saúde do trabalhador, que depende das denúncias do movimento sindical. A CUT tem interesse em fazer este debate, mas devemos dar ainda mais atenão a este tema para que os sindicatos defendam ainda mais essa causa.”

“Devemos tornar visível o que é invisível no que se refere à saúde do trabalhador. Somente unidos e organizados teremos mais conquistas”, finalizou Isamar. 

Ao lado do deputado federal Dionilso Marcon (PT/RS), a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, participou do evento cutista. Ela falou sobre a demarcação de terras quilombolas. “Esse é um dos temas prioritários do movimento negro na Cúpula e a CUT sempre defendeu essa causa.”

Texto e fotos: Daiani Cerezer

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