Rio+20: Recid debate educação popular e bem viver

 

Rio+20: Recid debate educação popular e bem viver

A Rede de Educação Poular (Recid) promoveu uma roda de conversa durante a Cúpula dos Povos no dia 19 de junho, no Aterro do Flamengo, que debateu sobre educação popular e bem viver. O objetivo do debate foi denunciar o modelo de desenvolvimento predatório nos biomas brasileiros e anunciar práticas e aprendizados que apontam para um novo modelo de convivência a partir dos parâmetros de sustentabilidade e respeito à sociobiodiversidade na Amazônia, Cerrado e nos biomas brasileiros.

Inicialmente, os educadores da Rede se apresentaram retratando a realidade de diversas regiões do Brasil. As músicas, cirandas, rodas e o boi bumbá animaram os participantes da atividade desde o início da manhã. As apresentações foram permeadas por poemas e referências à simbologia e à experiência dos biomas da Caatinga, Pantanal, Mata atlântica e Pampas.

O secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, inicou o debate afirmando que “a Rio+20 está provocando uma grande mobilização e é nosso compromisso pensar no futuro de forma convergente. Tenho convicção de que a Rio+20 será um marco que mudará o tipo de desenvolvimento. Ninguém tem a receita deste novo processo, mas, para ele dar certo é necessário injetar uma nova democracia com participação popular.”

Carvalho ainda defendeu o crescimento baseado na redistribuição de renda e inclusão social. Para ele, durante essa transição, “o papel do governo é ouvir e negociar para construirmos juntos um novo projeto através da educação popular. Precisamos praticar a cultura da solidariedade baseada no repartir, crescer e viver juntos, o que é uma verdade revolução cultural que exige de nós coragem para o enfrentamento.”

Maria Emília, presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, também contribuiu com o debate trazendo o tema da crise alimentar. “Vivemos num momento de crise imensa gerada por inúmeras crises que estão interligadas (ambiental, financeira, entre outras), mas a central é a crise alimentar. Os alimentos estão sendo considerados cada vez mais uma mercadoria e não um direito.” Para ela, as novas tecnologias causam a artificialização dos alimentos e a negação de saberes, o que é bastante contraditório porque geram muitos problemas de saúde.

Para Maria Emília, a sociedade tem três grandes desafios: lutar constantemente em nome do bem viver denunciando a privatização dos bens comuns, reconhecer os saberes tradicionais como nosso patrimônio e evitar a perda dos nossos saberes. Ela propôs que todos assegurem o direito da natureza, garantam o domínio da terra aos seus donos e tenham atitude de vigilância.

Já, o escritor e teólogo, Marcelo Barros, defendeu que a sociedade saia do individualismo e parta para o coletivo através de uma democracia participativa.

Ao final da roda de conversa, houveram algumas intervenções e as propostas foram sintetizadas para serem encaminhadas para a Plenária da Cúpula dos Povos. Entre elas, estão o fortalecimento da militância através da educação popular, avançar o debate sobre a energia nuclear, lutar contra a privatização dos bens comuns e combater com a lógica mercantil e privatizante das corporações.

Texto e fotos: Daiani Cerezer

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