Durante a III Reunião de Pesquisa sobre gravidez não desejada e aborto inseguro. Desafios de saúde pública na América Latina e no Caribe, que aconteceu semana passada na Cidade de México, ativistas e especialistas no tema expressaram sua solidariedade com as feministas perseguidas hoje em dia pelo governo nicaragüense.
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Durante a III Reunião de Pesquisa sobre gravidez não desejada e aborto inseguro. Desafios de saúde pública na América Latina e no Caribe, que aconteceu semana passada na Cidade de México, ativistas e especialistas no tema expressaram sua solidariedade com as feministas perseguidas hoje em dia pelo governo nicaragüense.
Durante o evento, o doutor Arnoldo Toruño, docente da Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua, disse que depois da acusação de violação sexual que recebeu Daniel Ortega, atual presidente da nação centro-americana, por parte de sua enteada Zoilamérica Narváez, o Estado tem tomado uma postura contra os movimentos feministas, e em particular de quem promove a não penalização do aborto nesse país.
E a figura jurídica de "aborto terapêutico", vigente desde 2006 na Nicarágua, foi derrogada com o respaldo do partido político que levou Ortega ao poder em 2007, a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). "Se supõe que é de esquerda, que luta pelos direitos dos mais pobres, e aprova uma lei que prejudica as mulheres pobres", criticou o especialista.
Lamentou que recentemente se tivesse criado meios de difusão que pertencem ou têm afinidade com o governo e o FSLN, os quais têm feito "um ataque verdadeiramente sem piedade contra as mulheres. Chamam-lhes de assassinas. Já não atacam as idéias, e sim as pessoas".
Contudo, segundo enquetes realizadas no país centro-americano, a maioria dos nicaragüenses está a favor do aborto quando existe más formações congênitas, está em risco a vida ou a saúde da mulher e quando a gravidez foi produto de uma violação sexual, mencionou.
Totuño, médico especialista em Saúde Pública, falou também da investigação O aborto terapêutico na Nicarágua: uma análise dos meios impressos de comunicação, 2006- 2007, realizada por Cecilia Espinosa, representante da organização internacional IPAS na América Central.
Expôs que Espinosa revisou os dois principais jornais nacionais após um ano desde que foi abolido o aborto terapêutico no país. Dos textos jornalísticos analisados, 66% foram reportagens e 78% abordavam a interrupção da gravidez como tema central.