Recid-RS participa do Fórum Social Missões

Recid no Forum Social Missões

Relato de uma dos/as cinco educadores/as da Recid-RS que participou do Fórum Social Missões em março de 2010. O encontro aconteceu na cidade de Santo Ângelo, região das missões no Rio Grande do Sul – palco histórico das reduções jesuítico-guaranis…

 
“Se, na verdade, não estou no mundo
para simplesmente a ele me adaptar,
mas para transformá-lo,
se não  é possível mudá-lo sem um certo sonho
ou projeto de mundo,
devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas
falar de minha utopia, mas participar de práticas
com ela coerentes”.
Paulo Freire
 
 

Um grupo de cinco educadores da RECID região centro do RS participou do Fórum Social Missões nos dias 18,19 e 20 de Março, na cidade de Santo Ângelo, região das missões no Rio Grande do Sul – palco histórico das reduções jesuítico-guaranis, que pouco vemos contar nos livros de história, mas vive na realidade do povo local até hoje – evento que surgiu a partir do Fórum Social Mundial, e que hoje na sua 3ª edição, conta com integrantes dos 30 povos das missões que compreende os 7 povos das missões no RS e mais 23 distribuídos nos países vizinhos, como Argentina, Paraguai e Uruguai.

Um evento, portanto, internacional, mas que dispensa as fronteiras quando se trata de debater as questões como Educação Popular e América Latina, Agroecologia, A crise sistêmica e de civilizações, Direitos Humanos e identidades culturais e Feminismo, temas dos painéis principais do evento, assim como quase 30 oficinas temáticas que abordaram temas mais específicos desde Segurança Alimentar, Educação no Campo, Educação Técnica e Superior, Ambiental, as monoculturas, Reforma Agrária, SUS, até Software Livre, Terapias Alternativas e a Batucada Feminista, além de um forte debate sobre a Educação Popular.

Estiveram presentes como painelistas e debatedores, o Jurista e ex- senador, José  Paulo Bisol – OAB/RS;  Frei Sérgio Göergen – Representante da Via Campesina; José Cirilo Pires Morinico – Cacique Geral Guarani – RS; Laércio Meireles – Centro ecológico Ipê e Rede Ecovida; Raul Aramendi – Prof. Dr, Reitor do Instituto de Multidiversidad Popular Missiones – Argentina; Cecília Margarida Bernardi – Consultora do Ministério do Desenvolvimento Agrário; Tarso Genro – Ex Ministro da Justiça; Raul Pont – Deputado Estadual RS e Cientista Político; Rosângela Angelin – Profª Drª das Faculdades Integradas Machado de Assis – Marcha Mundial de Mulheres – AREDE; Elvino Bohn Gass – Deputado Estadual RS; Dep. Rosinha – Deputada  Federal PR; Antônio Inácio Andrioli – Prof. Dr. Diretor da UFF – Campus Cerro Largo;Lúcia Ortiz – Núcleo Amigos da Terra/Brasil; Claudio Nascimento – RECID/ Talher Nacional; entre muitos/as outros/as.

A plenária de abertura contou a fala de José Paulo Bisol sobre a necessidade de buscarmos coletivamente saídas para os problemas mundiais, que ninguém conseguirá ser pleno em mundo tão cheio de problemas sociais, mas poderemos buscar juntos as alternativas necessárias à sustentabilidade e a construção de um mundo mais justo  e solidário fora da lógica do capital, que mesmo sendo uma utopia, talvez possível, mas não para esta geração, devemos nunca perder a gana de lutar e buscar o impossível porque ele pode ser possível, desde coletivamente.

O Prof. Mauro Gabrietti afirmou que precisamos nos reinventar. O conhecimento vem de dentro e de fora da universidade. O homem não é um ser político, mas um ser social, e a política vêm de uma relação do indivíduo como outro. As pessoas não nascem, mas povoam.Todos nós carregamos o bem e o mal.

E gostaríamos de chegar a ver e agir com nossos filhos, assim como os indígenas com seus filhos. Para isso teríamos que sair completamente da lógica do capital em que vivemos. E sair da visão da mídia porque a mídia que temos no Brasil, nunca dirá a verdade, porque não lhe interessa; mas buscar outras formas de informação, ler muito, ler os jornais de outros países, hoje com a internet isso é possível, enfim, buscar, não ficar esperando, porque nunca veremos a verdade na mídia.

Na manhã seguinte tivemos o Painel:  “A utopia da terra sem males em Boaventura de Souza Santos” 

A crença Guarani diz que existe uma terra, a terra sem males onde todos nós podemos estar de corpo e alma. O próprio homem é o Deus.

A perfeição máxima inclui o não morrer, criticam o individualismo e são comunitários.

Cultivam seus cultos onde dançam e cultuam a terra. Os Caraís foram os principais resistentes ao colonialismo. Os jesuítas substituíram os profetas e passando a terra sem males a ser segundo eles, após a morte.

Desde aí os tupis e os guaranis, fugiram da região por motivo religioso, foram buscar a imortalidade, e passaram a ser nômades.

Na forma de sociedade em a que a lei é insuportável,assim como na ditadura, muitos grupos fizeram revoltas suicidas, assim como os grupos de esquerda.

A terra sem males se transformou em terra física e terra mística.

Mantém secreta sua religião por ser a forma com que conseguem manter sua cultura.

Na nossa relação com o passado, fizemos referência a ele, para poder criar uma utopia em torno do futuro, então resignificamos o passado com as condições do presente, vendo as matrizes de trabalho de referência no presente, para escolhermos o caminho para o futuro e também como busca de identidade.

Ex. Coluna Prestes: buscamos elementos como ponto de referência de questões a serem reelaboradas.

Nós não resignificamos tudo no passado, mas apenas o que nos interessa para o momento. Escolhemos o passado reducional por ser o que tem importância para o momento.

Analisamos historicamente os monumentos. Determinadas comunidades se apropriam do passado, de forma que no monumento de Sepé Tiaraju, que aparece como guerreiro cristão impondo a cruz e com a lança abaixada.

Refletimos sobre a dominação cultural européia, e a norte americana hoje, como reducionista no passado.

Existe um poder que está  nas mãos do povo, e no outro pólo da discussão há uma tentativa de retorno nost&aa
cute;lgico, que não o republicano.

O neoliberalismo está sendo retomado, e uma das formas das comunidades locais estruturarem seus posicionamentos é a releitura do passado e organização das comunidades.

Segundo Frei Sérgio Göem, é importante fazer esta releitura porque em 1956 o Instituto Geográfico Rio Grandense lançou proposta de tornar Sepé Tiaraju como Herói, e foi negado por serem outros os referenciais.

Sepé  é um símbolo que não é individual, mas um símbolo coletivo. 
 

Pela tarde tivemos diversas oficinas, as que a RECID participo foram as que seguem: 

1 – EDUCAÇÃO POPULAR: Integração latino-americana

Eduardo Sanches – Amigos da terra – Argentina 

2- CELULOSE NO CONE-SUL: A reconfiguração no setor e os impactos no território.

Camila,Fernando e Clarissa- Grupo Amigos da Terra – Brasil 

3 – AS BARRAGENS NO RIO URUGUAI: energia para o delírio desenvolvimentista e o negocio do clima.

Bruna, Camila e Lúcia Ortiz- Grupo Amigos da terra – Brasil 

4 –SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL:

PAA / MERENDA ESCOLAR.- Diomar Lino Formenton – Suzete Rutilli Gonçalves Sahym – Secretaria de Agricultura de S. Ângelo. 
 

Eixos de discussão do conjunto das oficinas:

  • A organização da educação Popular e Movimentos Sociais.

  • Questão da integração, com que ferramentas podemos enfrentar?

  • Questão da comunicação.

  • Monocultura

  • Questão Ambiental

  • Questão trabalhista

  • Questão hegemônica

  • Questão eleitoral

  • Soberania alimentar

  • Agro ecologia

  • Programa de Aquisição de Alimentos

  • Merenda escolar

  • Projetos de parcerias

 

Entre outros temas que se envolvem indiretamente aos temas citados, onde observou-se que alguns problemas e questões são semelhantes nos países vizinhos,  daí a necessidade se integração para a busca de soluções conjuntas. 

Na noite do dia19/03, ainda,  tivemos um painel onde participaram o ex-ministro da Justiça Tarso Genro e o deputado Estadual e Cientista Político Raul Pont, de onde podemos destacar algumas falas:

 

A ATUAL CRISE SISTÊMICA E DE CIVILIZAÇÕES E AS ALTERNATIVAS DE ESQUERDA E SOCIALISTAS. 

Tarso Genro: 

A história da humanidade é  um conjunto de criações e recriações, e nelas temos as grandes revoluções, transformações confusas entre o homem e as suas criações.

As revoluções não são democráticas e não são ocidentais, mas sempre tem um traço de utopia, sejam religiosas ou políticas, reformas, totalitarismos, e tentativas de revoluções profundas.

O contrário de utopia é a visão pragmática e limitada que leva as praticas totalitaristas, blindagem das aspirações humanas.

As utopias são dengosas e perigosas.

A crise é uma crise que tem endereço, nome, ou seja, é uma crise do capitalismo que não consegue resolver seus problemas sem ser através de violência e guerra, é um sistema que vive a partir da apropriação.

Essa crise está se expressando pela sua forma mais atípica, tudo que é repassado como cultura é passado pelos grupos midiáticos como perverso e tem o efeito de fazer as pessoas tratarem a política com nojo, fazendo com que as pessoas se voltem para suas vidas particulares.

Isso tem muito a ver com o modo de vida, adotamos um modo de vida norte-americano, consumista e as alternativas socialistas não conseguiram dar conta de criar outras formas institucionais e políticas, que cada vez mais correm risco de deixarem de ser democráticas de forma que a sociedade não tem poder de interferência sobre nenhum dos 3 poderes.

A solução para a falta de democracia é mais democracia e não menos democracia, através do controle social. 

RAUL PONT: 

O fórum reproduz a essencialidade de onde foi criado, no FSM.

A crise é sistêmica ou cíclica do capitalismo?

Quanto nesses últimos 30 anos se cultivou pela mídia um conjunto de valores que se tornaram políticas públicas, que a humanidade desenvolveu ao longo da história para o bom andamento da sociedade.

O capitalismo se molda a várias realidades e cria seus instrumentos de dominação.

Hoje temos nos EUA, uma grande quantidade de pessoas que não tem casa e uma grande quantidade de habitações vazias por um processo de especulação.

Esta crise é civilizatória? Ou uma crise cíclica?

Os EUA não conseguem mais manter o seu império, no meio de tudo está o Brasil que aparece como país importante, e a América latina que aparece com um conjunto de países com políticas diferentes.

O IMPÉRIO não morreu, mas ele está sem condições mais, de se estender mundialmente.

Tanto que se todos os países fossem entrar em um modo de produção semelhante, a humanidade teria de entrar de entrar em redução da sua população, ou seja, o modo de produção capitalista não tem mais condições de se manter.

Esses 30 ou 40, anos de neoliberalismo acabaram com a capacidade crítica das universidades que se tornaram uma mera repetição de um modo de viver dentro do pensamento único.

O que foi apresentado como socialismo real, não se cumpriu, não aconteceu, ruiu, e a tarefa dobrou, e estamos neste momento num processo de retomada, mas com uma riqueza de experiência que nos anima.

Davos era a grande produção ideológica e política do neoliberalismo.

Na criação do FSM, era para serem 1.500 pessoas, mas vieram 15.000 e no outro 30mil e depois 50 e assim foi, porque as pessoas vinham para discutir as mais diversas coisas e viam que não estavam sozinhas, e viam que tinham um espaço p
ara debater aquilo que precisavam coletivamente.

Os de cima estão com a maior dificuldade de se manter por cima, e os de baixo não têm clareza de o que fazer e só saberão, fazendo.

A esquerda não conseguiu no início do século passado, desenvolver a questão democrática, gerando uma possibilidade de criação de desenvolvimento do neoliberalismo, dessa forma o capitalismo criou na mente das pessoas a ligação do socialismo com totalitarismo e democracia com capitalismo.

Este é o eixo e o fio condutor da criação de uma sociedade participativa e democrática.

As revoluções não só  socialistas ocorrem também como referencias ao processo.

A humanidade não acontece tão linearmente e não tão enquadradamente.

Na Revolução Francesa, existia um burgo que era livre, um outro mundo que se criava dentro de um outro que chegava ao fim, as coisas não acontecem como num passe de mágica, fazer uma mudança, uma transformação dessas, não é fácil.

Nós precisamos conhecer o que foram essas experiências, não existe receita, mas precisamos estudar essas coisas sem preconceito, como aqui no Brasil, sem maniqueísmo, e eu não tenho todas as respostas, é claro que em uma nova sociedade, se isto for público, é muito melhor que se isto for privado.

A outra sociedade que está  nascendo dentro desta, é a oportunidade que tive de ver no encontro, o que estava sendo feito aqui, que era o lançamento de livros com outra concepção.

Temos que ter um conjunto de “corrosões” positivas que minem o poder do capital.

Temos que fazer um novo sistema político eleitoral, porque esse só reproduz o sistema  e  precisamos pensar essas novas instituições, se não, não vamos chegar a lugar nenhum. E vamos experimentando essas novas instituições. 

Na manhã do dia 20/03 tivemos uma grande plenária com o tema:

EDUCAÇÃO POPULAR, DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E A CRISE AMBIENTAL, onde debatemos os desafios da América Latina extraímos algumas falas dos painelistas e debatedores:

Antonio Inácio Andrioli: 

O F. S. Missões têm  caráter mais propositivo.

Teremos sustentabilidade ambiental sem Educação Popular, e sem democracia?

Postura eco centrista, os problemas da questão ambiental, são apenas parte de nosso modo de viver, as relações de produção nos condicionam a ao consumo.

O capitalismo se relaciona com a natureza do mesmo jeito mercantilizado que se relaciona com o ser humano.

A gravidade da alienação é a exclusão social de mais de 1bilhão de pessoas desempregadas que não tem direito se quer de ser explorado no mercado de trabalho.

O capitalismo tem uma micro estrutura racional

Propõe que se desregule tudo e se deixe o livre mercado.

Não tem como produzir no capitalismo sem ter o lixo. Na  lógica do Capital, não existe uma lógica de reparação, mas de produção em massa de lixo.

As forças produtivas do Capitalismo se convertem em forças destrutivas na lógica do que queremos.

Na utopia- antecipação concreta de uma realidade possível- podemos modificar a nossa relação com a natureza e conosco mesmo.

Nós como seres humanos não temos natureza, temos capacidade de nos construir como cultura e não como natureza. Dessa forma, temos capacidade de modificar a realidade, o futuro nos é aberto.

O processo de humanização não pode ser algo determinado, e nossas esperanças são de construir um ser humano melhor do que temos sido, mas não é linear, não é assim, que tudo que vem depois é melhor, se não o nazismo que veio depois da democracia grega seria melhor. Mas depende da construção feita.

Nós tendemos a olhar para o todo de forma fragmentada, na educação popular vemos o todo sabendo que ele é feito de partes, e o grande especialista é aquele que vê o todo, estuda as partes e volta ao todo.

Não há como ter sustentabilidade ambiental com o capitalismo.

Não há como ter sustentabilidade ambiental sem democracia participativa e sem o sem Educação Popular.

Lúcia Ortiz:

Temos hoje uma consciência da finitude dos nossos recursos e dos territórios.Tivemos um conjunto de vitórias, barramos a ALCA, mas os acordos de livre comércio que temos, faz da A.L. um filé para as grandes empresas e até as estatais fazerem a exploração da natureza numa lógica de reprodução do capitalismo.

Por outro lado, os governos mais progressistas, discutem a ALBA, países que se destacam conseguem colocar valores muito avançados, na constituição, mas ainda com dificuldade de avançar com alternativas energéticas.

E como se dão os Movimentos Sociais e o Brasil  que tem se alinhado muito com a defesa dos direitos em países Latinos, mas ainda tem muito a avançar com relação ás questões climáticas?

Em Copenhague, houve uma espécie de golpe, Obama desceu de helicóptero com uma proposta já pré  acordada com alguns países, e sem se discutir em consenso sem discussão com todos os países e sem a cláusula da dívida ecológica dos países do norte com relação aos países do sul.

Temos no Brasil, em obras do PAC, em nome do progresso no país e grandes obras de  geração de energia, no rio Xingu na Amazônia que são nocivas a questão ambiental não só das comunidades ribeirinhas, mas da sustentabilidade ambiental do planeta, assim como no Rio Uruguai.

Temos aqui no sul, algumas construções fruto da economia solidária, e não temos pautados muitos assuntos relacionados diretamente, com a ecologia, nos projetos de governo dos candidatos á eleição estadual.

 A educação popular tem sido grande mobilizador e viabibilizador não só das questões ambientais, como de todos os temas ligados ao capital.

A forma de matar essa participação é a grande mídia que fragmenta as ações de defesa ambiental apenas como consumo de produtos “verdes”.

Os espaços de participação pública não estão sendo utilizados como poderíamos e os outros espaços construídos não contemplam as discussões, assim como as assembléia publicas do PAC, que já vêm com as definições prontas.

Então, sabemos que um governo não pode mudar um modelo de sociedade em quatro ou oito anos, mas deve criar as condições para que se construam as alternativas. Assim como a educação popular deva ser política pública em médio e longo prazo.

Raul Aramendi:

Ou é crescimento, ou é sustentável

Não existe desenvolvimento sustentável com crescimento

Desaparecem no mundo 27 000 espécies por ano

Não é possível uma convivência humana justa e sustentável com o crescimento econômico que gera catástrofes climáticas.

Para o crescimento de 5% ao ano, qual seria o tempo necessário para crescermos 100%?

Para isso temos um cálculo matemático.

Temos um gráfico que mostra o crescimento contínuo que é justamente o queremos questionar, a idéia sócio-política do crescimento. Dessa forma vemos o que acontece com o crescimento exponencial do desenvolvimento.

O que aconteceria nesse planeta se crescêssemos 1,7% ao ano? em 600 anos, que é o tempo que nos separa da vinda de Colombo á América, teríamos apenas 1 metro quadrado por pessoa para viver no planeta.

Não existe um crescimento contínuo sustentável em um mundo finito.

Não é possível matematicamente a utilização da energia nuclear.

É hora de refundar outra civilização, ou estaremos fadados a extinção de nossa espécie. 

Claudio Nascimento:

O modo de produção capitalista chegou a um ponto que nós temos apenas duas saídas, uma pela barbárie, que está se preparando, e outra pela civilização.

Temos que ver no passado o que podemos fazer para o futuro.

Temos que ver o que os países da A. L. estão fazendo.

E vamos falar das mulheres, que num dado momento da história, tinham o conhecimento da agricultura, medicina e da vida.

A crise é uma crise civilizatória, do trabalho, do estado, do capital, ecológica, daí a necessidade de articularmos os elementos na busca de alternativas ao capital.

O mundo, se for mudar, começará  por aqui não pela Europa, então a educação na A.L. exige que nos articulemos em redes, já que novos blocos de economia surgem, também temos que pensar redes internacionalizadas de educação popular.

É o tempo em que temos maior quantidade de pessoas participando através das mais de100 conferencias nacionais que estão acontecendo.

É necessário re encantar a vida, sair da lógica da velocidade  que o mercado nos exige, e as relações interpessoais passam por essa crise onde as pessoas buscam virtualmente aquilo que não conseguem desenvolver pessoalmente. 

Andrioli:

Temos que pensar e agir globalmente e pensar e agir localmente. 

Lúcia Ortiz:

Os créditos de carbono não podem comprar ou vender a biodiversidade, a cultura, a sombra das matas, não é possível que se venda ou se compre o desmatamento, mas tem que ser algo que pague por aquilo que não faríamos. 

Raul Aramendi: 

O mais importante é considerarmos que não há energia para toda a humanidade do jeito que temos agora e crescendo cada vez mas.

Existe uma série de economistas que estão surgindo, que são economistas ecológicos que compreendem a economia subordinada á ecologia.

 

Claudio Nascimento:

Quero encerrar falando da energia que está desaparecendo, a energia das pessoas, que não é a questão de tomar o poder, mas de se criar outras formas de poder, e para isso, devemos ser outros homens e outras mulheres, recuperando os valores originários das mulheres, dos índios, dos quilombolas. E a educação popular tem um papel, não a de transformar o mundo, mas o de transformar as pessoas que transformam o mundo.

O País está  grávido de experiências só que estão isoladas, é preciso organizá-las.

 

Pela tarde tivemos a Marcha Mundial de Mulheres  e o encerramento foi com o Teatro “Andarilhos” do grupo teatral Turma do Dionísio da Cidade de Santo Ângelo. 
 
 
 

CONSIDERAÇÃOES FINAIS: 

A equipe da RECID que participou do Fórum Social Missões compõe-se de cinco pessoas de Santa Maria, uma educadora liberada, dois educadores voluntários e dois novos integrantes que se juntaram á rede por serem Coordenadores do Grupo de Juventude da Ocupação Estação dos Ventos (Ocupação Urbana). Além de mais de 15 integrantes da REDE da cidade de Santo Ângelo e arredores, entre educadores voluntários e parceiros de diversas entidades.

As falas e debates aqui descritos representam apenas parte do conjunto de discussões que foram apresentadas no evento, assim como não foi possível colocar os nomes de todos os participantes de mesas, oficinas, e os educadores/as da RECID que estiveram presentes.

Pensamos ser necessário para o próximo evento intensificar a participação da RECID, sobretudo na organização e construção da atividade, que neste momento ficou muito a cargo da equipe do município que sediou o evento; para isso, vamos continuar motivando, e buscando articulação com as entidades e movimentos parceiros, bem como as equipes no estado, no Brasil e América Latina.

Consideramos de extrema importância a participação neste evento que colabora para a democratização dos debates e trabalha numa perspectiva de desenvolvimento de uma cultura livre das amarras imperialistas que nos dominam desde a colonização – bastante marcada ainda nos dias atuais na região – sendo cada vez mais forte a necessidade de buscarmos as raízes dos antepassados na construção de um futuro solidário e culturalmente soberano.

Cientes, cada vez mais – sobre tudo depois de tal participação – que a saída para a crise mundial, não é individual, de alguns grupos, movimentos, ONGs, governos ou partidos, mas coletiva. E que avançamos com passos largos em direção ás políticas públicas voltadas para a Educação Popular e a compreensão da importância da Integração Latino Americana. Temos a nítida visão de estarmos no rumo certo da criação de uma cultura mundial da vida, ainda utópica, mas sonhadoramente alcançável, na perspectiva do desenvolvimento de um mundo, mais justo e solidário, onde os povos sejam soberanos e realmente independentes, mundo este, que certamente é Possível. 

 

Eliane Garim – Educadora Popular da RECID – RS

Mais informações: http://www.forumsocialmissoes.org.br/

 

 

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